PACIENTE É IMPEDIDO DE ENTRAR EM AMBULÂNCIA POR VESTIR CAMISETA DE APOIO A BOLSONARO
"A minha ambulância é para carregar doentes, e não políticos vagabundos", argumentou o motorista.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul está investigando o caso de um paciente do Hospital Casa de Saúde, na cidade de Santa Maria, que teria sido proibido de entrar em uma ambulância por estar vestindo uma camiseta de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo o paciente, ele foi obrigado a trocar de camiseta com o irmão, que o acompanhava, para que pudesse ser transportado até outro hospital da cidade para ser submetido a exame.
O caso aconteceu em 18 de fevereiro, mas foi registrado na Delegacia de Polícia de Pronto-Atendimento (DPPA) na tarde de segunda-feira (28/02), após o paciente receber alta e se reestabelecer.
Conforme o relato do paciente, de 55 anos, ele começou a passar mal em 13 de fevereiro e foi internado na Casa de Saúde um dia depois. No dia 18, um médico solicitou uma tomografia. Durante o deslocamento para a ambulância da prefeitura, o paciente teria recebido o recado do motorista, ainda dentro do hospital, mas achou que era uma brincadeira.
Nas palavras do paciente
"A enfermeira chegou no quarto, me encaminhou em uma cadeira de rodas em direção ao veículo, e um rapaz que estava de luvas e sem máscara falou "tu não vai poder embarcar na ambulância". Até então eu achei que era uma brincadeira. Achei que poderia ter me confundido com alguém...".
"Quando chegamos na porta e eu fui descer da cadeira, ele disse: "estou falando sério, o senhor não vai poder embarcar na ambulância porque o senhor tem que trocar de camiseta". Eu perguntei: "mas moço, por quê?". A enfermeira ainda disse assim: "é necessário?". E ele disse: "A minha ambulância é para carregar doentes, e não políticos vagabundos". E eu respondi. "Eu não sou nem político nem vagabundo". Ele ainda abriu a porta de trás da ambulância e eu tive que trocar de camisa com meu irmão."
"Fiquei internado até dia 24/02, uns dias em casa, até me recuperar e, na segunda-feira. consegui ir à delegacia para registar [o Boletim de Ocorrência]. Amanhã irei à prefeitura reclamar na Ouvidoria. Tenho que reclamar para que isso não se repita. Se eu estivesse sangrando, ele me deixaria para morrer?", desabafou o paciente.
Nota da Prefeitura
Em nota, a prefeitura de Santa Maria informou que tomou conhecimento sobre o fato e já apura internamente o ocorrido.
Informou também que aguarda o recebimento do Boletim de Ocorrência via Ouvidoria para então fazer a verificação legal e tomar as medidas administrativas cabíveis, se for o caso.
A nota ainda diz que o assunto será tratado a partir da oficialização da denúncia pela Controladoria Geral do Município (CAGEM).